Pablo Civitella tem hoje a responsabilidade de dirigir o Teatro Municipal de Cerquilho, um dos mais respeitados da região. Ele concedeu essa entrevista à Revista VITRINI, onde fala das dificuldades da projeção do artista e também das alegrias e emoções que a carreira traz. Já foi vereador e secretário de Cultura em Tietê e nesse tempo adquiriu experiência para valorizar ainda mais seus projetos artísticos.
1) Dia 24 de agosto se comemora o dia do Artista, como você é o diretor do Teatro de Cerquilho, cujo trabalho na região vem merecendo grande destaque, como você vê a atuação dos artistas da região?
Engana-se quem acredita que a vida de artista é fácil. Longe do que estamos acostumados a ver na grande mídia, principalmente na televisão, o profissional da arte precisa trabalhar muito e incansavelmente para ter seu espaço no mercado e mais do que isso, o reconhecimento e o valor da sua arte. Nossa região é cercada de grandes artistas que obtiveram reconhecimento nacional e, em alguns casos, até internacionalmente. Hoje em dia, vemos artistas se destacando na região nas diversas linguagens culturais com destaque para cenário musical. Como diretor do Teatro Municipal de Cerquilho tenho procurado implementar uma grade de programação que proporcione a vinda para Cerquilho dos melhores espetáculos normalmente “engessados” no eixo rio-são paulo. Vale destacar entre outros a vinda da São Paulo Cia de Dança que figura entre as melhores companhias de dança do Brasil inclusive com reconhecimento internacional. Já como responsável pelo Departamento de Cultura tenho reformulado significativamente os regulamentos dos eventos oficiais do calendário municipal como o Salão de Humor e Artes Plásticas, o Endance e o Fepoc de forma a promover a valorização do artista cerquilhense inclusive oferecendo, de forma inédita, premiação em dinheiro aos artistas da cidade.
2) Você foi o criador do Projeto Culturando, qual o resultado obtido com os eventos realizados?
O Culturando se tornou referência em virtude da diversidade e qualidade das ações culturais que tem promovido ao longo de sete anos de existência e se consolida como um projeto de sucesso na região. Existem muitos objetivos e metas a serem atingidas mas certamente o maior destaque fica por conta da oportunidade que o projeto oferece aos artistas, iniciantes e avançados, de se apresentarem com toda infraestrutura que merecem. Há uma carência de oportunidades e o Projeto Culturando atua de forma a amenizar e, em alguns casos, a suprir essa carência, certamente o Verão e o Inverno Cultural são os destaques dessas ações. Desde novembro do ano passado, com a aprovação do estatuto, o Projeto Culturando saiu da informalidade jurídica e se oficializou como Associação Cultural e tende a ampliar significativamente as ações culturais nos próximos anos.
3) Como você começou a participar da vida artistica?
Meu primeiro contato foi através das aulas de artes ainda na escola “Plinio Rodrigues” em Tietê. A professora Cida fazia questão de montar um espetáculo teatral no final de cada ano e eu, ainda que tímido, adorava. A partir daquele momento não parei mais. Fiz cursos, participei de espetáculos, montei minhas produções e ao todo excursionei por mais de 180 cidades entre os estados do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e principalmente São Paulo.
4) Como vê a atuação dos governos em relação ao trabalho dos artistas?
O orçamento em qualquer município reserva verba para a cultura, porém em nenhum governo a cultura é vista como prioridade em face a educação, segurança e principalmente saúde. Dessa forma, os recursos financeiros alocados na pasta são insuficientes, cabendo ao próprio artista, muitas vezes, subsidiar sua formação, ingresso e permanência no mercado de trabalho como acontece em qualquer outra profissão. O professor, o médico, o advogado, o engenheiro, o administrador etc investe na sua formação para se estabelecer no mercado, da mesma forma o artista, o diretor, o produtor na área cultural. No entanto a diferenciação de governo pra governo está na capacidade do gestor cultural otimizar essa aplicação de recursos. Minha atuação é forte neste sentido. Procuro, sintetizar o anseio dos artistas, utilizando todas as ferramentas culturais que o município dispõe e aplico os recursos de forma a potencializar as ações culturais respeitando, sempre, a diversidade de linguagens culturais existentes na cidade.
5) Você teve oportunidade de ser vereador e secretário de Cultura, como relaciona os anseios dos artistas e o que os governos podem fazer por eles?
Acredito que o governo tem a responsabilidade de proporcionar mecanismos que apoiem e incentivem os artistas, principalmente ao estabelecer leis que estimulem a cadeia produtiva cultural. Como vereador em Tietê propus a aprovação das leis que incluíram a música, a dança e o teatro na grade curricular e extracurricular das escolas municipais. Assim, investir na formação cultural das crianças reflete diretamente no seu desenvolvimento, na formação de público e ainda será um grande estímulo ao surgimento de novos artistas. Foi assim que me tornei ator, através de aulas de teatro na escola. É uma pena leis dessa importância para a área cultural serem deixadas de lado no atual governo pois constituem a base da cadeia produtiva. Mais artistas, mais produções. Mais produções, mais público. Mais público, mais arrecadação. Mais arrecadação, mais investimento na área. Mais investimento, mais artistas. Mais artistas, mais produções...... e a cadeia se repete.
6) Relacione seus trabalhos ligados a Cultura, aos artistas, enfim, a essa área que você já vem atuando há bastante tempo.
Em realidade não estou há muito tempo. Sou ator há 16 anos, porém minha atuação como gestor é recente. Na Câmara Municipal em 2010, por exemplo, fui autor das leis que incluíram a música, a dança e o teatro na grade curricular e extracurricular das escolas em Tietê e um dos criadores da semana da cultura evangélica. Atuei como Secretário Municipal de Cultura apenas um ano em Tietê, tempo insuficiente para promover qualquer desenvolvimento consistente ainda mais o cultural que carecia de grande estruturação. No entanto mudei o conceito dos eventos culturais do calendário municipal modernizando as ações e ampliando ao máximo a participação de artistas da cidade. Tivemos a oportunidade inclusive de receber a violonista Tânia Camargo Guarnieri que é filha do compositor e maestro Camargo Guarnieri com um belíssimo recital de violino e piano oportunidade única para a história tieteense. Promovi ainda a reestruturação administrativa e da grade de cursos da oficina cultural ampliando de 350 para mais de 900 vagas distribuídos entre os mais de 30 cursos oferecidos gratuitamente à população. E sem dúvidas nenhuma, a idealização do Projeto Culturando é a prova da evolução cultural atrelado ao meu trabalho. Iniciamos nossas primeiras atividades no ano de 2007 – 2008 com o encontro de bandas Culturando em cima de um trio elétrico apertado e completamente sem recursos (risos). Hoje a mesma ação cultural é promovida através do Inverno Cultural que neste ano de 2014 foi realizado no Teatro Municipal de Cerquilho que é um dos teatros mais respeitados da região proporcionando uma infraestrutura invejável, de extrema qualidade, aos artistas participantes. Enfim, sou ainda muito jovem e tenho muito por fazer e a oferecer à classe artística. A caminhada continua.
7) Acrescente alguma coisa que você acha interessante publicar na revista (apenas uma mensagem final)
Um edifício por maior que seja é primeiramente planejado, nasce no papel. Assim também para conquistar nossos objetivos devemos nos organizar, nos planejar e trabalhar para que se realize. Resista às adversidades, reorganize as prioridades e mantenha-se firme às metas esses são os sinais de um caminho de vitórias. Acredite e tenha fé que todos os seus sonhos se realizarão.